Qual é a diferença entre insulina rápida e lenta?
A insulina análoga rápida (por ex. aspart, lispro, glulisina) começa a agir cinco minutos após a injeção, atinge o efeito máximo numa hora e dura quatro horas. É usada para cobrir as refeições e para corrigir glicemias altas. A insulina análoga lenta ou basal (por ex. glargina, detemir) começa a agir em duas horas e mantém um nível constante de insulina no sangue durante 12-42 horas, dependendo do tipo.
A insulina rápida tenta imitar a resposta do pâncreas à comida, enquanto a insulina lenta substitui a produção contínua de insulina que o teu pâncreas já não consegue fazer. Precisas de ambos os tipos de insulina para um bom controlo. A insulina lenta ajuda-te entre refeições e durante a noite, enquanto a rápida gere os aumentos de glicemia quando comes.
Que insulina uso para as refeições?
Para as refeições usas insulina análoga rápida ou ultrarrápida. Estas começam a trabalhar em cinco minutos (as ultrarrápidas em três minutos), por isso administras mesmo antes da refeição se tiveres a glicemia boa. A dose depende de quantos hidratos de carbono vais comer e da tua razão insulina-hidratos de carbono.
Nunca uses insulina lenta para as refeições porque não age suficientemente rápido e não consegue gerir o aumento rápido da glicemia após uma refeição. Se só tiveres insulina humana regular, esta começa a agir em 30 minutos, por isso deve ser administrada com pelo menos 30 minutos antes da refeição.
O que é a insulina basal e quando a tomo?
A insulina basal é a insulina lenta que mantém a tua glicemia estável na ausência de refeições. Consideras-a antídoto do açúcar produzido pelo fígado. Administra-se uma vez por dia, geralmente à mesma hora aproximadamente. Representa cerca de 50% da tua necessidade total diária de insulina. Esta percentagem pode variar muito, dependendo da tua particularidade.
O momento do dia da administração em geral não é muito importante. Geralmente a insulina basal administra-se à noite por comodidade. Por vezes administra-se de manhã, a ideia sendo que se a duração de ação está no limite das 24 horas pode obter-se assim um risco menor de hipoglicemia durante a noite, na cauda de ação da insulina. A insulina basal é essencial continuar mesmo quando não comes nada.
Existem diferenças entre as marcas de insulina?
Sim, embora todas as insulinas rápidas ou todas as lentas tenham ações similares, existem diferenças subtis entre os diversos tipos de insulina da mesma categoria. Os análogos ultrarrápidos (lispro-aabc e fiasp) entram em ação mais rapidamente e têm um pico de ação 15 minutos mais cedo comparativamente aos análogos rápidos clássicos (lispro, aspart, glulisina). Nas insulinas lentas, degludec e glargina U300 têm um perfil de ação mais plano e consequentemente um risco de hipoglicemia noturna menor comparativamente à glargina U100.
As diferenças individuais também contam. Algumas pessoas absorvem melhor uma determinada marca ou têm menos reações adversas no local de injeção. Se mudares de marca, monitoriza atentamente as glicemias nos primeiros dias porque podes precisar de pequenos ajustes nas doses, mesmo que mantenhas a mesma categoria de insulina. Os preços e disponibilidade nas farmácias podem também variar entre as diversas marcas de insulina.
O que são os análogos de insulina?
Os análogos de insulina são versões geneticamente modificadas da insulina humana, criadas para ter novas propriedades. A molécula de insulina humana é modificada através da alteração de alguns aminoácidos, o que faz com que a insulina aja mais rapidamente (análogos rápidos), ou mais lentamente e mais constantemente (análogos lentos). Estas modificações não afetam a capacidade de baixar a glicemia, apenas o início, pico e duração de ação.
Quase todas as insulinas modernas são análogos. As vantagens face à insulina humana incluem ação mais previsível, menor risco de hipoglicemia e maior flexibilidade no horário das refeições. Os análogos são mais caros que a insulina humana, mas em geral são comparticipados total ou pelo menos parcialmente para as pessoas com diabetes tipo 1.
A insulina humana difere da análoga?
A insulina humana tem exatamente a mesma estrutura que a insulina produzida naturalmente pelo pâncreas, sendo fabricada por engenharia genética usando bactérias ou leveduras. A insulina humana rápida (regular) age mais lentamente que os análogos rápidos. O seu efeito começa em 30 minutos tem um pico às três horas e dura seis horas. A insulina humana NPH (intermédia) tem um pico de ação às seis horas e dura 12 horas. A insulina NPH está a ser gradualmente retirada da prática diária, sendo substituída pelos análogos lentos.
Os análogos de insulina têm moléculas ligeiramente modificadas para propriedades superiores, absorção mais previsível e menor risco de hipoglicemia. Com insulina humana tens de ser mais rígido com o horário das refeições e precisas de lanches obrigatórios. Os análogos oferecem muito mais flexibilidade nas refeições. Contudo, a insulina humana funciona bem, é útil para administração intravenosa (por ex. cetoacidose) e é mais barata.
Como escolho o tipo certo de insulina para mim?
A escolha depende do teu estilo de vida, horário das refeições, atividade física e resposta individual. As crianças e adolescentes beneficiam mais dos análogos devido à imprevisibilidade das refeições e atividade. O padrão atual é associar um análogo o mais lento possível com um o mais rápido possível.
Discute com o diabetologista sobre as opções e prepara-te para um período de teste. Fatores como a velocidade de absorção nos teus locais de injeção, tendência para hipoglicemias noturnas ou fenómeno da alvorada influenciam a escolha. Não existe a "melhor" insulina universal. A adequada para ti é aquela que te oferece o melhor controlo com o mínimo de hipoglicemias.
O que é a insulina ultrarrápida e quando a uso?
A insulina ultrarrápida (fiasp, lispro-aabc) é uma versão melhorada dos análogos rápidos que começa a agir em apenas 3 minutos. Na verdade contém praticamente a mesma insulina mas com "aditivos", que aceleram a absorção. Por vezes, podes administrar este tipo de insulina quando começas a comer ou até 20 minutos após o início da refeição, oferecendo assim uma flexibilidade maior.
É útil especialmente para refeições com hidratos de carbono simples, que aumentam rapidamente a glicemia, para correções de hiperglicemia ou quando não sabes exatamente quanto vais comer. Os análogos ultrarrápidos são ideais para serem usados nas bombas de insulina, onde a resposta rápida melhora o controlo pós-prandial.
Posso mudar o tipo de insulina?
Sim, podes mudar o tipo de insulina, mas a mudança deve ser feita sob supervisão médica, com monitorização atenta. Quando mudas, por exemplo, de glargina U100 para glargina U300 a dose de insulina vai aumentar em geral para obter o mesmo efeito. Na transição de análogos rápidos para ultrarrápidos, as doses iniciais podem ser similares. Monitoriza a glicemia mais frequentemente (7-10 testes/dia) nas primeiras duas semanas após uma tal mudança.
Regista quaisquer diferenças no controlo ou possíveis reações adversas. A mudança da insulina basal requer em geral mais atenção porque afeta especialmente as glicemias durante a noite. Mantém um diário detalhado e comunica frequentemente com o teu médico.
Qual insulina é a melhor?
Não existe uma insulina "a melhor" para todos. A escolha ótima depende das tuas necessidades individuais, estilo de vida e resposta do teu corpo. Para a maioria das pessoas com diabetes tipo 1, a combinação de análogos modernos (ultrarrápido + basal de longa duração) oferece o melhor controlo glicémico e qualidade de vida.
O que mais conta é como usas a insulina escolhida. Tens de ter um timing correto nas refeições, escolha precisa da dose e ajustes frequentes. Uma pessoa bem educada pode obter um controlo excelente mesmo com insulina humana regular. A mesma pessoa desenrascar-se-ia porém ainda melhor com um tratamento moderno. A melhor insulina para ti é aquela que te permite atingir os alvos glicémicos com o mínimo de hipoglicemias e o máximo de flexibilidade na vida diária.
Existe insulina sob forma de comprimidos?
Não, a insulina não pode ser administrada oralmente, sob forma de comprimidos porque é uma proteína, que é destruída pelos sucos digestivos do estômago e intestino. Houve muitas tentativas de criar insulina oral, mas a proteção da molécula e absorção previsível permanecem desafios maiores. As pesquisas continuam com formulações especiais e diversas tecnologias de encapsulamento.
Quaisquer "comprimidos para diabetes" que vejas noutros pacientes são para diabetes tipo 2 e não contêm insulina. São medicamentos que ou estimulam o pâncreas a produzir mais insulina (impossível no tipo 1), ou melhoram a sensibilidade à insulina. Para diabetes tipo 1, as únicas opções atuais disponíveis em geral em todo o lado são as injeções subcutâneas ou bombas de insulina. A insulina inalável existe nos EUA, mas por enquanto não na Europa.